quarta-feira, 30 de abril de 2014

Exposições de arte sacra valorizam a cultura local


Obras da exposição Santos do Sagrado no memorial Dom Lucas

Escultores do Sagrado - Os Escultores Sacros da Atualidade São-joanense é a mais nova exposição temporária do memorial Dom Lucas Moreira Neves, que está sendo acompanhada pela exibição permanente de artigos litúrgicos ligados à vida do cardeal Dom Lucas, falecido em 2002. “Ver uma exposição e depois ver a outra mostra uma diferença enorme na técnica. E as duas levam ao encantamento único que cada artista quer passar através das suas obras. Momento único do barro e da madeira, em peças fantásticas”, é o que afirma o músico Márcio dos Reis, que apreciou ambas as exposições.

“A exposição Escultores do Sagrado é uma homenagem ao Monsenhor Paiva”, de acordo com o vigário paroquial da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, Pe. Ramiro Gregório. A exposição apresenta imagens sacras dos escultores Miguel Ávila, Fernando Pedersini, Carlos Calsavara e Ronaldo Nascimento.

Moradores de Uberaba, o casal Edivaldo Barbosa e Marislaine Silva se encantou com a exposição. Barbosa afirma que “a exposição é muito importante, pois ela conta a história barroca, a história de Minas”. Ele finaliza: “estamos em São João del-Rei para conhecer isso, já que, em nossa cidade, isso é coisa que não se vê muito”.

Outra exposição também movimenta a cidade. No Centro Cultural da UFSJ, estão sendo expostas as obras Santos Devocionais. O barro com Fé, de Stela Kehde. A artista exibe pela primeira vez o seu trabalho na cidade, mas já passou com suas obras pelo Horto Florestal e pela UNESP, em São Paulo.


Centro Cultural da UFJ onde acontece a exposição "Santos de Barro"

Kehde conta um pouco da história dos santos esculpidos por ela, que inicialmente eram santinhos de mão. Incentivada por um professor a levar a ideia adiante, por algum tempo a artista não enxergava a possibilidade de investir em outros tipos de imagens e expor seu trabalho, o que só viria a acontecer após certo tempo. “Depois vieram os santos de mesa, de oratório, de parede, de jardim”, completa a artista.

Segundo a escultora, sua exposição Santos Devocionais busca “o resgate da fé das pessoas. Tem a série de tijolos - que fala sobre a construção da fé. Tem aquelas que são em panelas - que são para alimentar o espírito. Tem alguns santos mais conhecidos, como São Jorge, São José, São Francisco...”, pontua Stela Kehde.

As exposições irão até o mês de maio. No memorial Dom Lucas, a visitação das imagens sacras ficará aberta ao público até o dia 04, enquanto, no Espaço Cultural, as obras continuarão expostas até o dia 15.

Texto: VAN/ João Vitor Militani e Humberto Lanna
Foto: João Vitor Militani e Humberto Lanna

Fonte: VAN UFSJ

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro

Por Leonardo Ladeira

Os transeuntes que trafegam diariamente pelo Largo da Carioca muitas vezes desconhecem ali se encontra um verdadeiro tesouro: a Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, considerada a expressão máxima do barroco brasileiro.

rioecultura : Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro : Coluna Patrimônio Histórico

Segundo o historiador Mário Barata, a Igreja da Ordem Terceira é um “monumento insigne da cidade do Rio de Janeiro e do país”. Para ele, “poucas igrejas no Brasil têm a beleza e a importância daquela jóia”.

O templo localiza-se ao lado esquerdo da Igreja do Convento de Santo Antonio, sobre uma pequena elevação, na verdade o último resquício do já demolido Morro de Santo Antônio.

rioecultura : Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro : Coluna Patrimônio Histórico
Largo da Carioca, 1870

“Entre arranha-céus e avenidas, a massa branca e horizontal daquelas obras do século XVIII situa-se como um apelo à calma e à tranqüilidade, parcialmente isolada da mistura urbana (...)” , descreveu Mário Barata.

A CONSTRUÇÃO

A Ordem Terceira de São Francisco da Penitência foi instituída em 1619, sendo a primeira ordem deste tipo a surgir na cidade. A Ordem nasceu na antiga Capela da Conceição, contígua à Igreja de Santo Antonio, e foi fundada por Luís de Figueiredo e sua mulher. Muitos devotos aderiram à ordem e resolveram adquirir o terreno na qual se encontra o templo. Por meio de doações e quermesses, foram obtidos os recursos para a construção da igreja.

rioecultura : Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro : Coluna Patrimônio Histórico
Morro de Santo Antônio

Os trabalhos de construção da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência tiveram início na segunda metade do século XVIII e foram concluídos em 1773.

A FACHADA

A fachada da Igreja se manteve desprovida de exageros ornamentais e tem caráter horizontal, fato pouco comum no Brasil e único na cidade. Segundo a historiadora de arte Sandra Alvim, o “frontispício é compartimentado por quatro pilastras em cantaria arrematadas por pesados pináculos.

As pilastras são interligadas por cimalha interrompida pelo frontão de linhas curvas, com pequeno óculo. O corpo central é realçado pela portada principal, encimada por medalhão oval.

rioecultura : Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro : Coluna Patrimônio Histórico

As sobrevergas das portas laterais são mais simples que as das janelas do segundo pavimento”. A portada foi concebida em pedra de lioz. O frontão, apesar de alterado, manteve seu perfil recortado em curvas e contracurvas.

As três portas principais possuem portadas em mármore de lioz e as seis janelas apresentam grades antigas.

Segundo Mário Barata, a igreja não possui torre “devido à inicial interdição dos religiosos vizinhos e posterior acordo com eles”. Ainda segundo Barata, a igreja “sai do tipo habitual de Igreja no Brasil, inclusive por ser bem mais larga do que alta”.

A DECORAÇÃO

Em contraste com o despojamento da Igreja do Convento de Santo Antonio, e até mesmo com a singeleza de seu próprio frontispício, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco apresenta uma decoração barroca, inteiramente coberta por talha dourada. Trata-se de uma das mais importantes obras de decoração religiosa no país. Apesar de suas pequenas dimensões, o trabalho de decoração provoca um efeito arrebatador.

rioecultura : Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro : Coluna Patrimônio Histórico

A decoração foi realizada entre 1726 e 1743. A talha é de autoria de Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito, que introduziram no Rio o Barroco de Lisboa da época de D.João V. Portugal. A douração e a pintura são de Manuel da Costa Coelho.

A decoração foi feita em talha contínua. Os painéis pictóricos, a pintura em perspectiva (a primeira do país) e os fingidos de embutidos de mármore nas laterais da nave fazem contrapeso ao dourado da composição.

O PATRIMÔNIO ARTÍSTICO

rioecultura : Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro : Coluna Patrimônio Histórico

Quando visitar a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, não deixe de ver:

- Pintura do teto da nave (1737 / 40) - representando a apoteose de São Francisco (aut: Caetano da Costa Coelho. Considerada a primeira pintura em perspectiva do Brasil

- Talha (estilo barroco) - projeto de Manoel de Brito e execução de Xavier de Brito.

- Arco-Cruzeiro - aut: Xavier de Brito

- Capela do Santíssimo (séc.XVIII) - aut: Antonio de Pádua e Castro (lado esquerdo da nave)

- Retratos de d.Pedro II e d.Teresa Cristina (ante-sala que dá acesso à sacristia)

- Douração e pintura - aut: Manuel da Costa Coelho

- Tocheiros (dois) - de 1776

- Dragões (dois) - inspiração chinesa para sustentação dos lampadários

- Imagens (interior da nave) - Santa Rosa Viterbo, São Gonçalo do Amarante, São Vicente Ferrer (dir.); São Ivo, São Roque e Santa Isabel de Portugal (esq)

rioecultura : Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro : Coluna Patrimônio Histórico

- Altares-laterais (de Xavier de Brito) - São Luís dos Franceses, Santa Delfina e São Gualter; São Lúcio, Santa Bona e São Elisário

- Pintura do forro do coro - atribuída a Caetano da Costa Coelho

- Arco de talha (à entrada da antiga capela) - atribuído a Manuel de Brito Portada (1748)

- Embutidos de mármore nos degraus da capela-mor

- Altar-mor - talha: Manuel de Brito. Figura de Deus-Padre ladeado por serafins e anjos; Imagem de N.S.da Conceição (sobre o altar); Imagem de São Francisco de Assis (trono); Imagem do Cristo seráfico (trono)

- Sacristia - Pintura do teto (séc.XVIII) - autor desconhecido; Lavabo em mármore de lioz; Arcaz de jacarandá com puxadores de prata (1780)

- Capela de N.S.da Conceição (1622) - talha de Manuel de Brito e Xavier de Brito - Mausoléu de mármore branco de d.Pedro Carlos de Bourbon; Dossel ladeado por figuras da Fé e Esperança (atribuídas a Xavier de Brito); Vulto dos quatro evangelistas (volutas inferiores); Pintura de teto - imagem de N.S.da Conceição; Pinturas sobre madeira - episódios da vida da Virgem.

A RESTAURAÇÃO

Restaurada em 2002, com recursos do BNDES, a Igreja voltou a ser uns dos cartões postais do Rio de Janeiro.

Um investimento da ordem de 3,5 milhões de reais feito pelo BNDES, através da Lei Rouanet possibilitou o trabalho de recuperação da igreja, que foi executado em 28 meses por 120 profissionais, de arquitetos a pintores.

rioecultura : Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - Jóia do Barroco Brasileiro : Coluna Patrimônio Histórico

Munidos de bisturis cirúrgicos, espátulas de dentistas, lixas e solventes, os restauradores retiraram crostas de sujeira, camadas recentes de tinta, além de executar projetos de instalação de iluminação, segurança, pesquisa e museografia.

Para que a igreja fosse preservada, o tratamento de descupinização abrangeu não só a área do morro de Santo Antônio, mas boa parte do Largo da Carioca. As imagens foram submetidas à análise por tomografia computadorizada visando sua preservação, a verificação de seu estado interior e a descoberta de sua pintura original escondida sob inúmeras camadas de tinta. Na Nossa Senhora da Conceição que fica no altar-mor, por exemplo, descobriu-se, sob um inexpressivo manto azul, um precioso brocado esculpido, com detalhes em ouro.

Por Leo Ladeira

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>> SERVIÇO <<
Largo da Carioca, 5 - Centro
Tel. 21 2262-0197.
Horário de visitação: de segunda à sexta-feira, das nove ao meio-dia e de uma às quatro da tarde.
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Fontes de Referência:
- Igreja da Ordem 3ª da Penitência do Rio de Janeiro. Mário Barata. Livraria Agir Editora. 1975.
- Arquitetura religiosa colonial no Rio de Janeiro. Sandra Alvim. UFRJ-IPHAN, 1996.
- Arte no Brasil. Nova Cultural. 1982.
- Guia dos Bens Tombados. Coordenação: Maria Elisa Carrazzoni.
- Expressão & Cultura. 1987.
- Guia Michelin – Rio de Janeiro. 1997.
- Veja-Rio.
- Site do BNDES.

Fotos:
- Blog Foi um Rio que Passou
- Blog Casamento Prático
- Fotos recentes do interior da Igreja: Leo Ladeira e Alexandre Siqueira


Fonte: Rio e Cultura

terça-feira, 29 de abril de 2014

Como é o trabalho dos principais restauradores de Minas Gerais

Com pincéis, tintas e bisturis, eles são responsáveis pelos projetos de conservação do rico patrimônio histórico e cultural o estado

por Glória Tupinambás 
Victor Schwaner/Odin

DESCOBERTA VALIOSA: Silvio Oliveira tem em seu currículo a recuperação de igrejas como a Matriz de Nossa Senhora de Nazaré e a de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, sua cidade natal. Formado pela UFMG e com cursos na Europa, em Israel e nos Estados Unidos, ele acaba de encontrar indícios da pintura mais antiga já documentada em Minas, de 1720

Eles não se consideram artistas, mas seus pincéis, tintas, formões e bisturis são capazes de salvar a beleza dos mais valiosos exemplares do patrimônio histórico e cultural de Minas Gerais. Pelas mãos de restauradores, centenas de igrejas, museus e casarões centenários se transformam em ateliês; peças sacras e obras de arte recuperam o brilho original e se livram de danos provocados pela ação do tempo e do homem; e documentos antigos são cuidadosamente preservados. Ainda escassos em um mercado cada vez mais aquecido, profissionais como Silvio Luiz Rocha Vianna de Oliveira, Antonio Fernando Batista dos Santos, Alessandra Rosado e os irmãos Adriano e Maria Regina Ramos misturam paixão e técnicas apuradas para cuidar de relíquias, edificações e obras de mestres dos mais variados estilos, do barroco ao contemporâneo, e colecionam experiências curiosas como guardiões da história.

“Minas tem um acervo cultural muito precioso, com bens de épocas e técnicas diferenciadas”, diz a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Minas, Michele Arroyo. Segundo ela, para trabalhar com essa diversidade, a experiência e a boa formação são determinantes. “Restaurador não é artista, não cria nada e jamais deixa sua marca”, afirma Silvio Oliveira, professor da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop). A frase resume bem o desafio de resgatar e preservar a originalidade dos bens culturais imposto aos profissionais da área. Responsável pela recuperação de ícones do estilo rococó, como a Igreja de São Francisco de Assis e o Palácio dos Governadores, em Ouro Preto, sua cidade natal, ele se viu envolvido pela atmosfera do município, reconhecido como patrimônio mundial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “Minha alma é barroca e o que me move na profissão é o sonho de ver cidades históricas bem preservadas”, diz. O maior tesouro da carreira de Oliveira foi descoberto há menos de um mês. Durante o restauro da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, ele encontrou, no forro, indícios da pintura mais antiga já documentada em Minas. “Debaixo de quatro camadas de tinta, existe uma obra de 1720, de autoria do português Antônio Rodrigues Belo.” Com mais de quarenta anos de trabalho dedicados à restauração, ele afirma que, para o bem dessa área, é preciso que o poder público, além de fazer investimentos, atue melhor na conscientização dos cidadãos, corresponsáveis pela conservação do patrimônio.

Também naturais de Ouro Preto, os irmãos Adriano e Maria Regina Ramos acreditam que o fato de terem tido, durante a infância, um antiquário como casa foi fundamental para despertar o gosto pela arte e pela história. Filhos de colecionadores de objetos antigos, ambos começaram a frequentar cursos de restauração aos 14 anos e, na década de 80, fundaram, em BH, o Grupo Oficina de Restauro, uma das primeiras empresas de conservação de bens culturais do estado. À frente de uma equipe de mais de cinquenta profissionais, eles são responsáveis por trabalhos como a restauração do Palácio da Liberdade, no Funcionários, da Igreja São José, no Centro, do Museu do Ouro de Sabará e de templos em todo o Brasil e em Portugal. No mais novo ateliê do grupo, recém-inaugurado em Nova Lima, a menina dos olhos da equipe são as câmaras de gases inertes usadas para deixar as obras de arte livres da ação devastadora de insetos. Por meio da técnica de isolamento das peças em bolsas plásticas, nas quais o oxigênio é substituído por nitrogênio, os animais são exterminados. Graças a essa tecnologia, Adriano Ramos se orgulha de ter salvo dos cupins a coleção de periódicos da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, e livros raros da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. “Cheguei a passar seis anos trabalhando dentro de um só lugar até conseguir que uma obra se livrasse de seus maiores inimigos, os insetos.”



CAÇA AOS INSETOS: Adriano Ramos entrou no universo da restauração aos 14 anos e hoje é pioneiro no uso de técnica com gases inertes para combater a infestação de insetos. Salvou de cupins coleções da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro


O episódio mais inusitado vivido por Maria Regina - conhecida como Marrege - em sua carreira de restauradora ocorreu em um convento de Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Munida de bisturi, ela retirava uma camada de repintura da imagem de Cristo, mas foi interrompida por um grupo de freiras aos prantos. “Elas me impediram de continuar o serviço dizendo que Jesus já havia sofrido muito e eu não tinha o direito de ‘machucá-lo’”, conta. Foi necessária a intervenção da madre superiora.

A restauração de um bem cultural começa muito antes da montagem de andaimes e do minucioso trabalho com tintas e pincéis. Nos bastidores da conservação patrimonial, o nome de Antonio Fernando dos Santos é unanimidade quando o assunto é a elaboração de projetos e diagnósticos que vão orientar as intervenções. Em seu currículo estão nada menos que a recuperação de profetas esculpidos por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, no adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, e os painéis de Candido Portinari que adornam a Igreja São Francisco de Assis, cartão-postal modernista da Pampulha. Mas o feito de maior orgulho de Santos é o resgate da imagem de Nossa Senhora das Mercês, de autoria de Aleijadinho, desaparecida de Ouro Preto desde 1962. Graças à descoberta de uma estampa floral no tecido usado para cobrir o oratório que abrigava a imagem, o restaurador conseguiu identificar a peça, que estava nas mãos de um colecionador paulista. “Foram meses de disputa judicial, mas pequenos detalhes do processo de conservação desvendaram o caso”, diz Santos, que hoje tem a santa como protetora.

No campo da preservação do patrimônio histórico, BH é berço de uma história de vanguarda. A cidade sedia, dentro da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, o primeiro curso superior do Brasil de especialização na área, oferecido, desde a década de 70, pelo Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor). Cercada de lupas e microscópios no laboratório da instituição, a pesquisadora Alessandra Rosado busca o equilíbrio entre o conhecimento científico e a prática diária da conservação. “Não podemos ficar restritos ao ateliê, sem nos preocuparmos com as condições do ambiente onde as obras estão alocadas nem com os fatores que ameaçam a integridade física das peças”, afirma ela, com vinte anos dedicados ao trabalho em acervos culturais. Enquanto a qualificação da mão de obra está restrita a poucos cursos, Minas depende da atuação desses profissionais com mãos divinas para garantir a sobrevivência de seu patrimônio cultural e de sua história.

Fonte: VEJA BH

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Santo negro descoberto em Itu pode ser de Aleijadinho

Peça foi retirada de uma fazenda mineira por um antiquário e ficou por muitos anos 'escondida' entre outros objetos à venda

José Maria Tomazela - O Estado de S. Paulo
 
SOROCABA - Pode ser de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a escultura descoberta na semana passada, em um antiquário de Itu (interior de SP). Trata-se de um santo negro de 26,5 centímetros de altura, esculpida em madeira, que pode ter sido feita entre 1761 e 1780 - fase inicial da carreira do mestre mineiro. De acordo com o pesquisador Marcelo Galvão Coimbra, a quem foi confiado o achado, a imagem representa São Benedito das Flores e tem as características de outras obras de Aleijadinho. Caso a autoria seja confirmada, será a segunda imagem de um personagem negro produzida pelo escultor.

Imagem de São Benedito das Flores, uma possível obra de Aleijadinho, descoberta em Itu - Marcelo Coimbra/Divulgação
Marcelo Coimbra/Divulgação
Imagem de São Benedito das Flores, uma possível obra de Aleijadinho, descoberta em Itu

"Podemos estar diante de um achado raríssimo, pois conhecemos apenas uma escultura de Aleijadinho que representa sua própria raça, pois ele era filho de uma negra escrava", disse Coimbra. A única escultura negra atribuída ao escultor, uma representação do rei mago Gaspar, produzida entre 1775 e 1790, está exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto (MG). Segundo Coimbra, a peça achada em Itu foi trazida de uma fazenda mineira por um antiquário e ficou por muitos anos 'escondida' entre outros objetos à venda.

Coimbra contou que, como pesquisa o barroco brasileiro há mais de 30 anos e é coautor do mais recente catálogo geral da obra de Aleijadinho, quando alguém vê uma peça interessante, logo o avisa para que faça a avaliação. "Quando vi o São Benedito, levei um susto, pois os principais estilemas (marcas do estilo do autor) de Aleijadinho estão presentes na imagem." Para ele, a obra é da fase inicial, tendo o rosto semelhante aos de diversos anjos retratados pelo escultor mineiro, mas com o nariz largo africano, diferente dos modelos europeus. "É uma imagem tão rara na iconografia do Aleijadinho que tomei a liberdade de batizá-la de diamante negro", disse.

O pesquisador encaminhou fotos e descrição da imagem a especialistas reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a atribuição de autoria. Enquanto aguarda o resultado, ele pretende incluir a escultura na exposição Berço do Barroco Brasileiro e seu Apogeu com Aleijadinho, da qual é curador e que segue até 11 de maio na Galeria Principal da Caixa Cultural, em Brasília. A mostra reúne 140 peças, das quais 47 do escultor mineiro.

domingo, 27 de abril de 2014

Exposição Barro Paulista

Barro Paulista

Duração:
30 abril 2014 - 29 junho 2014 
 
O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP, equipamento da Secretaria de Estado da Cultura, exibe Barro Paulista, com curadoria de Dalton Sala e expografia de Maria Alice Milliet. A mostra conta com cerca de 50 esculturas e tem como intenção reapresentar a arte colonial paulista do século XVII, a partir do acervo do MAS/SP, estudando e mostrando as imagens em terracota (ou barro cozido) feitas na Capitania de São Vicente, e depois na de São Paulo.

Em uma sociedade onde o poder emanava de ordens religiosas – especialmente jesuítas, franciscanos e beneditinos -, a produção de imagens sacras acompanhava a evolução dos costumes, as oscilações econômicas e as transformações sociais vividas pelos vicentinos e, posteriormente, pelos paulistas. A exposição Barro Paulista traz uma série dessas imagens - com especial enfoque para a produção do período em que as expedições armadas (conhecidas como bandeiras paulistas) reconheceram, expandiram e defenderam o território colonial português -, tendo como destaques cinco esculturas: São Francisco Xavier, São Francisco de Paula, Nossa Senhora da Purificação, Santo Amaro e São Francisco das Chagas. O projeto expográfico integrará à mostra alguns altares, caracterizando o culto doméstico em que estas imagens eram utilizadas, paralelamente à sua presença em igrejas e conventos.

Para Dalton Sala, a escolha dos objetos a serem expostos ocorreu em função de uma tripla perspectiva: pelo valor histórico das peças, enquanto documentos significativos de um passado importante para a formação do Brasil; Pela importância do acervo do MAS/SP; E, por último, pelos valores estético e artístico conferidos em cada obra. Em suas palavras: “(...) essas imagens são a fina flor da arte paulista e muitas delas foram feitas entre os séculos XVI e XVII: ou seja, 100 ou 150 anos antes das imagens em madeira que caracterizam o período do ouro de Minas Gerais, conhecido vulgarmente como barroco mineiro. Além dessa antiguidade, deve-se ressaltar a raridade, pois as terracotas são bem menos numerosas que as imagens entalhadas em madeira”. 

Assim, a proposta é reunir esta imaginária cotidiana da sociedade colonial, evidenciando não apenas seu valor como objetos estéticos e de culto, mas enfatizando os itens como documentos que nos permitem compreender tal época em seus múltiplos aspectos.

Exposição: Barro PaulistaCuradoria: Dalton SalaExpografia: Maria Alice MillietAbertura: 29 de abril de 2014, terça-feira, às 19hPeríodo: 30 de abril a 29 de junho de 2014Local: Museu de Arte Sacra de São PauloEndereço: Avenida Tiradentes, 676Telefone: (11) 3326.3336 visitas monitoradasHorário: De terça a sexta-feira, das 9h às 17h, sábado e domingo das 10h às 18hIngresso: R$ 6,00 (estudantes pagam meia entrada); grátis aos sábadosNúmero de obras: cerca de 50Técnica: Esculturas em terracotaDimensões: Variadas

Fonte: Museu de Arte Sacra de São Paulo

sábado, 26 de abril de 2014

60 obras raras do Mosteiro de São Bento estão disponíveis na Internet


O setor de obras raras possui aproximadamente 13 mil obras impressas do séc. XVI ao XIX
O setor de obras raras possui aproximadamente 13 mil obras impressas do séc. XVI ao XIX
 
60 obras raras, dos séculos XVI ao XIX poderão ser acessadas pela internet  a partir dessa terça-feira (22/4). Elas pertencem ao Mosteiro de São Bento, em Salvador, e foram restauradas por uma equipe multidisciplinar de especialistas do Mosteiro e da Faculdade São Bento da Bahia, com técnicas inovadoras de desinfestação, higienização e restauro.

O projeto durou cerca de dois anos e absorveu investimentos de de R$ 500 mil, oriundos do Fundo de Cultura da Bahia, destinado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

Entre as obras restauradas e digitalizadas  estão a coleção “Obras Completas de Luiz de Camões”, edição crítica com as mais notáveis variantes, de 1873;; “Cartas Selectas”, de Padre Antônio Vieira, de 1856; “Index Librorum Prohibitorum”, do Papa Bento XIV, de 1764 e “Historia dos Judeos”, de Flavio José, de 1793. Os mais antigos da lista são: “Cometario as Sentenças de Duns Scoto, do Fr. Nicolau de Orbellis”, de 1503, e “Suma Theologica Secundæ”, de São Tomas de Aquino, de 1534.

-- Acesse as obras digitalizadas

O Mosteiro de São Bento da Bahia foi o primeiro fundado pela ordem dos Beneditinos nas Américas. Sua biblioteca, alvo de pesquisadores de todo o mundo, foi fundada em 1582 e é tombada pelo Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) desde a década de 1930.

O acervo completo ultrapassa os 200 mil volumes, e o setor de obras raras possui aproximadamente 13 mil obras impressas do séc. XVI ao XIX.

Fonte: Tribuna da Bahia

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Igrejas de Salvador

Turismo religioso nos templos de fé e cultura


Marina Silva

Diz a lenda que Salvador (BA) teria 365 igrejas, uma para cada dia do ano. Alguns estudiosos afirmam que o número desses templos não passa de 200. Outros garantem que a quantidade de igrejas é bem superior aos cantados por Dorival Caymmi. A verdade é que os templos religiosos dessa terra de todos os santos guardam muitas histórias, mistérios e arte.

A variedade de estilos, que vai do barroco ao neoclássico, os painéis de azulejos, os ornamentos cobertos de ouro e as pinturas contam a história do país com muita beleza. Local onde fé e arte se misturam e proporcionam ao visitante uma viagem no tempo. O Guia do Litoral listou 10 das mais belas e importantes igrejas de Salvador para que turistas e baianos conheçam mais um pouco da história religiosa dessa terra.

Igreja de São Francisco

A Igreja de São Francisco enfeita o Pelourinho. Foto: Marina Silva

Igreja de São Francisco tem o interior coberto de ouro

A Igreja de São Francisco tem o interior coberto de ouro. Foto: Marina Silva

Igreja de São Francisco

Conhecida como "Igreja de Ouro", com o interior recoberto de folhas de ouro puro, a Igreja de São Francisco é considerada o mais belo exemplar do barroco português nas Américas. A lenda versa que seus construtores utilizaram mil quilos de ouro em pó. A construção da primeira metade do século XVIII guarda belos exemplares de arte que não podem deixar de ser apreciados, como o painel de azulejos portugueses, as pinturas e esculturas nas paredes, colunas, teto e altares. Localização: Terreiro de Jesus, Pelourinho. Tel.: 71 33216968.

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, no Pelourinho. Foto: Marina Silva

Fachada da igreja ficou coberta com cal durante décadas

Fachada da igreja ficou coberta com cal durante décadas. Foto: Marina Silva

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco

Bem ao lado da famosa Igreja de São Francisco, a Ordem Terceira ficou conhecida por sua belíssima fachada que data de 1702. Desenhada por Gabriel Ribeiro, considerado um dos introdutores do barroco na Bahia, a igreja é o único exemplar do estilo espanhol no Brasil. A fachada de pedra lavrada foi descoberta somente durante uma reforma já no século XX. Durante décadas ficou coberta com argamassa. O motivo de "esconderijo" permanece incógnito. Segundo alguns contam, os irmãos terceiros temiam que, depois de invadir Portugal, Napoleão Bonaparte cruzasse o Atlântico em busca de tesouros da colônia portuguesa e teriam mandado cobrir a riqueza da igreja. Localização: Terreiro de Jesus, Pelourinho. Tel.: 71 33216968.

Igreja e Convento do Carmo

De importante valor histórico, o conjunto arquitetônico fundado em 1585 foi palco de importantes acontecimentos relacionados com a invasão holandesa e a Independência da Bahia. Neste local foi assinada a rendição dos holandeses. A principal atração do convento é a escultura Cristo Atado à coluna, de Francisco das Chagas, o Cabra, que foi recuperada recentemente. No prédio funciona também um museu. A sacristia é considerada uma das mais ricas do Brasil. Parte do antigo convento foi transformado em hotel de luxo. Localização: Rua do Carmo. Tel.: 71 32426463.

Catedral Basílica

Catedral Basílica fica no Terreiro e Jesus. Foto: Marina Silva

Arte sacra  e muito ouro nas paredes da Catedral Basílica

Arte sacra e muito ouro nas paredes da Catedral Basílica. Foto: Marina Silva

Catedral Basílica

A construção do século XVII possui 13 altares da fase renascentista até o rococó. Ficou conhecida por ter sido o local de morte do padre Antônio Vieira - cujos sermões o levaram à condenação pela Inquisição em 1697 - e abrigar o túmulo do terceiro Governador-Geral do Brasil Mem de Sá. Não deixe de visitar o Museu da Catedral, com acervo de peças dos séculos XVI ao XX. Localização: Terreiro de Jesus, Pelourinho. Tel.: 71 33214573.

Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo

Ficou conhecida por ser o cenário da famosa obra "O Pagador de Promessas" do escritor baiano Dias Gomes. O filme, inspirado no livro, ganhou a "Palma de Ouro", em Cannes, no início da década de 60. Construída no início do século XVIII, sofreu, cem anos depois, grandes mudanças internas, onde se destaca o ossuário. A escadaria, que faz a ligação da igreja com a ladeira do Carmo, foi aberta ao século XIX para dar mais imponência ao templo, antes escondido na rua estreita. Todas as terças, a escadaria é ocupada por uma multidão que dança ao som do afoxé do cantor Gerônimo. Localização: Ladeira do Carmo.

Igreja de nossa Senhora dos Rosário dos Pretos

Catolicismo e candomblé se misturam na Igreja de nossa Senhora dos Rosário dos Pretos. Foto: Bahiatursa

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

A construção iniciada no início do século XVIII levou quase 100 anos para ser concluída. A obra era realizada à noite durante o horário de descanso dos escravos libertos, após os serviços nas casas de seus senhores. No interior, destaque para os painéis de azulejos, o teto pintado por José Joaquim da Rocha, os altares neo-clássicos e três imagens do século XVIII - de Nossa Senhora do Rosário, São Antônio de Cartegerona e São Benedito. Nos fundos, localiza-se um antigo cemitério de escravos.

A igreja é um dos locais onde se pode presenciar o sincretismo religioso na Bahia. Frequentada por mães e pais de santo, o templo é palco de cerimônia que mesclam o católico e os ritos afro-brasileiros. Localização: Pelourinho. Tel.: 71 33162196.

Igreja e Mosteiro de São Bento

A construção que demorou mais de dois séculos para ser concluída é projeto do frei Macário de São João. O templo guarda duas belas imagens em tamanho natural de N. S. das Angústias e do Senhor Morto. Não deixe de visitar o museu, que por mais de 400 anos, acumulou um acervo de imagens, pinturas, mobiliário, ourivesaria, cristais e porcelanas do séculos XVII e XVIII. O mosteiro também possui uma das maiores bibliotecas do Brasil, com cerca de 300 mil volumes. Entre as raridades, encontram-se incunábulos, livros do início da arte da impressão, e um Evangelho de 1504. Localização: Largo de São Bento, Tel.: 71 33218850.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia

É na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia que tem início e festa do Bonfim. Foto: Bahiatursa

Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia

Segundo os historiadores, a igreja da padroeira da Bahia foi primeiramente erguida em taipa, quando o governador Tomé de Souza chegou a Salvador. Muito depois, decidiu-se construir uma igreja com pedras de cantaria portuguesa. Todo o templo foi pré-fabricado em Lisboa, a partir de 1736, e trazido em incontáveis viagens. A construção levou oito décadas para ser concluída.

Elevada à categoria de basílica em 1946, a igreja tem o teto pintado em perspectiva por José Joaquim da Rocha, fundador da escola baiana de pintura e principal pintor sacro brasileiro. É considerada a mais bela de todas as igrejas brasileiras. Localização: Comércio, Cidade Baixa. Tel.: 32420545.

Igreja e Convento de Santa Teresa

Considerado um dos mais importantes monumentos da arquitetura religiosa do período colonial brasileiro, possui belos jardins, com visão panorâmica para a Baía de Todos os Santos. O prédio abriga o Museu de Arte Sacra, mantido pela Universidade Federal da Bahia, com cerca de 1.400 peças datadas do século XVI a XIX. Localização: Rua do Sodré, 276 - Centro. Tel.: 71 32436511.

Igreja do Bonfim

Igreja do Bonfim recebe fiéis de todo o país. Foto: Bahiatursa

Igreja do Nosso Senhor do Bonfim

A igreja mais famosa da Bahia, localizada na Colina Sagrada, ficou conhecida por ser local de devoção onde todos os anos é realizada a famosa lavagem das escadarias, a Lavagem do Bonfim, que reúne a fé de católicos e praticantes do candomblé. O interior da construção iniciada em 1756 tem estilo neoclássico e guarda obras como o painel do teto, de Francisco Velasco, os quadros de José Rufino Capinam na entrada da igreja. Não deixe de visitar a Sala dos Milagres, que reúne ex-votos, como cabeças, pernas e braços de cera, madeira, ouro, prata e pedras preciosas, atualmente expostos no Museu de Ex-votos, no pavimento superior do templo. Não deixe de amarrar uma fitinha do Bonfim nas grades da igreja e fazer três pedidos, um a cada nó na fita. Localização - Pça. Senhor do Bonfim, s/n- Cidade Baixa. Tel.: 71 33162196.

Fonte: Guia do Litoral

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Capela do Palácio da Ajuda reabre ao fim de um século com tela única de El Greco

Capela do Palácio da Ajuda reabre ao fim de um século com tela única de El GrecoIna Fassbender, Reuters

O único quadro de El Greco existente em Portugal vai estar exposto ao público, a partir da próxima semana, com a reabertura da capela da Rainha Maria Pia, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, encerrada desde 1910.

O óleo, do primeiro quartel do século XVII, a "Santa face de Cristo", de El Greco, passa a fazer parte do programa museológico da capela, que reabriu ao público na terça-feira, 103 anos depois de ter sido encerrada, após a proclamação da República, em outubro de 1910, e a saída da família real para Gibraltar.
A "Santa Face" foi adquirida pelo rei D. Luís, marido de D. Maria Pia, fazia parte da sua coleção de pintura e "é o único exemplar daquele pintor em Portugal", disse à Lusa o diretor do Palácio da Ajuda, José Alberto Ribeiro.

O projeto da capela, explicou José Alberto Ribeiro, visou "restaurar o espaço que é muito bonito, e mostrar nele algumas peças de referência da coleção do palácio, como pinturas importantes de mestres italianos dos séculos XVII e XVIII, escultura e alfaias religiosas" em prata.

Trata-se de "uma capela construída quase toda em madeira, num programa decorativo feito pelo arquiteto Manuel Ventura Terra, em finais do século XIX, com o pintor Veloso Salgado, autor da pintura de Nossa Senhora com o Menino, que é o orago".

Esta capela "é uma caixa em madeira de carvalho criada dentro de uma sala já existente no palácio, no piso térreo, à direita da entrada para o vestíbulo, na ala sul, e inclui alguns objetos criados pelo arquiteto, como as ferragens das portas e o sacrário, numa linha neomedieval e `arts & craft` de final do século [XIX], que é das últimas novidades e tendências estéticas aqui do palácio".

Isto revela, referiu o responsável à Lusa, o gosto da Rainha que era "muito atualizada" no tocante às correntes estéticas.

O espaço religioso mostra alguns santos da devoção da rainha Maria Pia, nomeadamente Santa Rita de Cássia, S. Francisco Xavier, S. Carlos Borromeo e a Virgem de Paris, ligada à "imagem milagrosa", e ainda o seu missal, em madrepérola, disse José Alberto Ribeiro.

"O corpo da capela, propriamente dita, seguiu as indicações documentais de 1910, a partir dos arrolamentos judiciais [da República] do que estava em cada divisão do palácio real e é muito fiel ao que seria no final da monarquia", disse o responsável.

"A antecâmara e a sacristia, com algum mobiliário original, foram musealizadas de forma a mostrar algumas peças de cariz religioso das coleções do palácio", acrescentou.

A recuperação da capela orçou entre os 70.000 e os 80.000 euros, tendo sido "fundamental" o apoio mecenático da Fundação Millenium/bcp, revelou José Alberto Ribeiro à Lusa.

Para o responsável, a reabertura da capela privada da rainha Maria Pia corresponde "às muitas questões que levantavam os visitantes do palácio - a única residência régia visitável, em Lisboa -, que se interrogavam por não haver um espaço religioso, num palácio de reis católicos".

Reabrir a capela é, para José Alberto Ribeiro, "devolver ao olhar do público um espaço desconhecido e que, desde 1910, servia de reserva das mais variadas peças".

O Palácio da Ajuda, imaginado pelo rei D. João VI, no Brasil, foi a residência oficial dos reis portugueses, tendo ficado fortemente ligado a D. Luís e à sua mulher, que o redecorou e nele viveu até partir para o exílio, onde morreu, em 1911, em Turim, na sua corte natal.

Fonte:  RTP

Restauração da Igreja do Rosário, em Angra, RJ, se arrasta há sete anos

Reforma, de responsabilidade do Iphan, está avaliada em R$ 176 mil. Missas são realizadas em tendas; não há prazo para conclusão do trabalho.
Reforma segue sem previsão de conclusão. (Foto: Reprodução/TV Rio Sul)
Reforma segue sem previsão de conclusão.
(Foto: Reprodução/TV Rio Sul)

Fechada para reformas há sete anos, a Igreja do Rosário, na Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ) está abandonada. A obra de restauração, avaliada em R$ 176 mil, é de responsabilidade do Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e está parada.

“Já rachou o lado de lá da igreja, aquela parte lá já tem uma rachadura. Infiltração, daqui a pouco começa a vim goteira de novo e a obra não termina”, contou o comerciante Carlos Augusto Marinho Cargas, dono de um estabelecimento próximo à igreja. A dona de casa Madalena Souza Rodrigues observa parte da história dela ruir. “Casei, casei minhas filhas, batizei os meus filhos e hoje estou vendo ela caindo. Nós não podemos fazer nada”, disse.

Desde que a igreja foi fechada as missas são realizadas em tendas.

Abaixo-assinado cobra soluções
A Associação de Moradores da Vila Histórica fez um abaixo-assinado para cobrar a conclusão da reforma. Além disso, eles pedem à Câmara de Vereadores uma audiência pública para discutir a situação da igreja. “A pergunta é uma só: quando é que vai fazer? A resposta, eu gostaria de sair com ela de lá: ‘vai começar amanhã’. Nós não vamos deixar a história de Angra dos Reis se apagar”, disse o presidente, Agnelo Alves de Carvalho.

Segundo a representante do Iphan, Paula Paulielo Cardoso, a estrutura do prédio não apresenta riscos e
não há prazo para acabar a fase de acabamento da obra. “Infelizmente para esse ano a gente não tem previsão. Não impede que sejam feitos futuros, mas é importante que a comunidade também busque outras fontes de recursos para a finalização dos serviços”, explicou.

Fonte: G1 RJ

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Paixões quinhentistas na Biblioteca Nacional de Portugal

Em sintonia com a quadra pascal, a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) promove durante o mês de Abril uma série de iniciativas em torno da tradição portuguesa do canto da Paixão, conforme era praticada no século XVI.

Até 30 de Abril estará patente na Sala de Referência a mostra Os tons da Paixão: a singularidade portuguesa nas coleções da BNP; esta quinta-feira às 18h o musicólogo José Maria Pedrosa Cardoso dará uma conferência sobre o mesmo tema, precedida por uma visita guiada à exposição; e sexta-feira (também às 18h) será apresentado o livro O Passionário Polifónico de Guimarães. Trata-se de imponente edição fac-similada, editada pela Sociedade Martins Sarmento, acompanhada por um estudo aprofundado (em português e inglês) e pela transcrição musical de Pedrosa Cardoso. A publicação é acompanhada por um DVD com a interpretação do conteúdo musical pelo grupo Voces Caelestes (dirigido por Sérgio Fontão), que também estará presente na BNP para um momento musical ilustrativo.

Os passionários eram livros litúrgicos que continham a música para os textos da Paixão de Cristo, que se cantavam na Semana Santa. A BNP possui alguns exemplares valiosos, tanto impressos como manuscritos, que podem ser vistos na mostra. Além do conteúdo musical, são obras de grande valor estético também do ponto de vista visual pelo que a visita se aconselha também aos não especialistas. Entre as obras expostas encontra-se, por exemplo, o Passionarium secundum ritum capelle regis Lustania (Lisboa, 1543), um dos primeiros livros de música impressa em Portugal em que o próprio autor, Diogo Fernandes Formoso, declara ter seguido ordem do rei no sentido de unificar o canto da Paixão segundo códices vigentes. Foi também neste acervo que se descobriu o primeiro vestígio do que viria a ser considerado o tom português do canto da Paixão, distinto do que era praticado nos restantes países de tradição cristã, temática que foi objecto de estudo da tese de doutoramento de José Maria Pedrosa Cardoso, publicada em 2006 pela Imprensa da Universidade de Coimbra.

De acordo com este musicólogo, “evidências do modelo português podem ainda ser encontradas em mais dois impressos quinhentistas, de autores como o padre Manuel Cardoso e frei Estêvão de Cristo, e vários manuais litúrgicos do séc. XVII comprovam a prática uniforme do canto da Paixão em Portugal antes da importação dos modelos do cantochão romano realizada por ordem de D. João V”.

Uma fonte crucial neste contexto é um passionário proveniente do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (c. 1580), do qual existe um exemplar na Biblioteca da Universidade de Coimbra e outro na Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães. Este último serviu de base à edição fac-similada, publicada na sequência da Capital Europeia da Cultura 2012 – Guimarães, que vai ser apresentada na BNP sexta-feira com a presença de Pedrosa Cardoso, de Eduardo Magalhães (responsável pela musicografia), do musicólogo Manuel Pedro Ferreira e de Paulo Vieira de Castro. Como já foi referido, será também possível ouvir alguns exemplos musicais, interpretados pelo grupo Voces Caelestes.

O manuscrito original do Passionário de Guimarães é decorado com capitulares a ouro, com motivos fitomórficos e vegetais. Além do cantochão das Paixões segundo S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João, do pregão pascal e também das lições de matinas, na versão tradicional portuguesa apresenta algumas frases em polifonia. “Trata-se de um documento singular com particularidades assinaláveis”, refere Pedrosa Cardoso. “A primeira é a existência de alguns versículos a três vozes, especialmente alguns ditos de Cristo, que são assim enfatizados, quando o habitual era serem entoados em cantochão. A segunda é a existência de um canto monódico claramente mensuralizado, isto é, submetido a regras de ritmo muito diferenciado.”

Pedrosa Cardoso explica ainda que, a partir do século XVI, o texto do Evangelho era confiado a três diáconos cantores. “Além de executarem a três vozes os versos em polifonia, repartiam entre si o drama da Paixão, cantando em diferentes níveis de recitativo os papéis de narrador, de Cristo e dos restantes personagens do relato evangélico.” No Passionário proveniente de Santa Cruz de Coimbra, o uso da polifonia nas palavras de Jesus assume um carácter simbólico e estético, indo ao encontro das qualidades musicais dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, responsáveis por um florescente centro de actividade musical nos séculos XVI e XVII.


Fonte: Público-Portugal

“Policromía de retablos en el norte de España: Asturias, siglos XVII-XVIII”, editado por la Fundación Masaveu

Fundación Masaveu 

La Fundación María Cristina Masaveu Peterson presenta el miércoles, día 23 de abril, en el Auditorio Caja de Música CentroCentro Cibeles, el libro “Policromía de retablos en el Norte de España: Asturias, siglos XVII-XVIII”.

El acto será presentado por José Tono Martínez, director de CentroCentro Cibeles, e intervendrán:
- Fernando Masaveu, presidente de la Fundación María Cristina Masaveu Peterson.
- Mons. Jesús Sanz Montes, arzobispo de Oviedo.
- Ana González Rodríguez, consejera de Cultura del Gobierno del Principado de Asturias.
- Carlos Nodal Monar, investigador, restaurador y autor del libro.

Bajo el título “Policromía de retablos en el Norte de España: Asturias, siglos XVII-XVIII” la Fundación María Cristina Masaveu Peterson presenta, en el ámbito de la Investigación y el Mecenazgo, un proyecto de edición que recoge los trabajos desarrollados al amparo de la Beca de Investigación en Arte, otorgada al historiador, especialista en policromía de retablos y restaurador de bienes culturales, Carlos Nodal Monar.
Los trabajos de catalogación e inventariado de obras, su posterior documentación científico-técnica, estudio histórico-artístico y análisis material, así como los pacientes y minuciosos trabajos de retrato fotográfico que completan de manera imprescindible el discurso del investigador, interpretan con gran belleza y detalle el maravilloso patrimonio retablístico que atesora Asturias.

Su contenido constituye una herramienta necesaria y fundamental para el fomento de la conservación y restauración de estas obras de creación arquitectónica, artística y artesanal. Y un fondo documental científico para la consulta de restauradores, investigadores, académicos y docentes.

La puesta en valor, mejor conocimiento y divulgación de las diversas manifestaciones artísticas, que la creación humana ha hecho posible a través de los siglos, con dedicación, fantasía, inteligencia, sensibilidad y esfuerzo, es una de las líneas de actuación más relevantes para la Fundación María Cristina Masaveu.

terça-feira, 22 de abril de 2014

PALESTRA SOBRE AFRESCOS, NO RIO DE JANEIRO



palestra

Curso "A arte e a técnica do afresco" recebe o artista plástico Sérgio Prata

Convidado falará sobre a técnica do afresco, da criação à produção, em 28 de abril, às 14h, no campus da Fiocruz em Manguinhos

O afresco, da criação à produção, será o tema da palestra do artista plástico Sérgio Prata no curso de pintura A arte e a técnica do afresco, em 28 de abril. Promovida pela Casa de Oswaldo Cruz (COC), a atividade acontece às 14h, na Tenda da Ciência do Museu da Vida, no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Manguinhos, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4.365).

Sérgio Prata é especialista em técnicas de pintura pela École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris, com ênfase em afresco. Entre suas obras com essa técnica no Brasil, destaca-se o afresco da Batalha no restaurante Castelo Trevizzo, em Curitiba (PR). Autor do livro Técnicas de Pintura e professor de composição de obras de arte em seu atelier, Prata é também
desenhista, escultor e vitralista.

O curso A arte e a técnica do afresco, que trouxe à Fiocruz o artista plástico Lydio Bandeira de Mello, tem por objetivo garantir a perpetuação dos conhecimentos sobre essa técnica de pintura. O projeto é patrocinado pela Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) e pela Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro. O trabalho de conclusão prevê a execução de afrescos nos arredores dos campi da Fiocruz.

Serviço
Palestra “O afresco de Sérgio Prata: da criação à produção”, com Sérgio Prata
Data: 28/04/2014
Horário: 14h
Local: Tenda da Ciência do Museu da Vida – Fiocruz (Av. Brasil, 4.365 – Manguinhos – Rio de Janeiro)
Aberto ao público | Grátis

Fonte: Sérgio Prata

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Curso: Artes decorativas e o Sagrado em Portugal e no Brasil



ARTES DECORATIVAS 
E O SAGRADO EM 
PORTUGAL E NO BRASIL
19 a 23/05/2014 | Museu Carlos Costa Pinto
Palestrante
Prof. Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa
Prof. Catedrático da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa
1º Dia – 19/05
Azulejaria nos templos religiosos portugueses 
e brasileiros: séculos XVI a XIX
1 – Azulejaria Maneirista
2 – Azulejaria Seiscentista
3 – O Ciclo dos Mestres e a sua Produção
4 – A Azulejaria Joanina e a Hegemonia do Azul de Cobalto
5 – Azulejos Rococó e o Reavivar da Policromia
6 – Azulejaria Neoclássica
2º Dia – 20/05
Talha religiosa em Portugal e no Brasil: 
o impacto do ouro ao serviço de Deus
1  – Conceitos introdutórios
2  – Classificação dos retábulos
3  – Manifestações da talha do Estilo Nacional
4  – A Talha Joanina e o Azulejo
5  – Talha Rococó
6  – Talha Neoclássica
7  – Mobiliário religioso
3º Dia – 21/05
Ourivesaria Religiosa
Da prataria dos alvores da nacionalidade às peças seiscentistas
0 – Conceitos introdutórios
1 – Ourivesaria Religiosa Românica
      1.1. – Os cálices
2 – Ourivesaria Religiosa Gótica
      2.1. – Cruzes e cruzes processionais
      2.2. – Cálices
      2.3. – Cofres
      2.4. – Outras tipologias
3 – Ourivesaria Religiosa Renascentista
4 – Ourivesaria Religiosa Maneirista
4º Dia – 22/05
Ourivesaria Religiosa em Portugal e o Brasil
Da prataria barroca às criações contemporâneas
5 – Ourivesaria Religiosa Barroca
6 – Ourivesaria Religiosa Rococó
7 – Ourivesaria Religiosa Neoclássica
8 – Ourivesaria Religiosa Revivalista e Ecléctica
9 – Ourivesaria Religiosa Contemporânea
10 – Joalharia Devocional
5º Dia – 23/05
Paramentaria e vestes litúrgicas: os tecidos do sagrado
1 – Tipologias de peças, cores e funções
2 – O bordado em Portugal nos sécs. XIV a XV
3 – O Tesouro de Nossa Senhora da Madre de Deus de Guimarães

INVESTIMENTO:
R$ 160,00 – até 15/04 (taxa única)
R$ 200,00 – de 16/04 a 19/05 (taxa única)

A inscrição poderá ser realizada no Museu ou 
através de depósito bancário.

1. Inscrição no Museu: 
Setor Cultural, de segunda a sexta, das 14:30 às 18:00 horas. 
Av. Sete de Setembro, 2490 - Vitória - Salvador - Bahia.

2. Inscrição por depósito bancário: 
Banco Bradesco (Banco nº 237) | Agência:3567-0
Conta Corrente: 18964-2 | CNPJ: 15.243.447/0001-69

Obs: Solicitar pelo e-mail cultural@museucostapinto.com.br a 
ficha de inscrição do curso, preencher a ficha e enviar para o 
mesmo e-mail, juntamente com o comprovante de depósito.

Maiores informações: (71) 3336.6081 - ramal 5, 
das 14 às 18 h, de segunda a sexta. 
E-mail: cultural@museucostapinto.com.br

Fonte: Museu Carlos Costa Pinto 

sábado, 19 de abril de 2014

Sábado Santo - Vigília Pascal - Exsultet





Precônio Pascal

Exultet iam angelica turba caelorum:
exultent divina mysteria:
et pro tanti Regis victoria tuba insonet salutaris.

Gaudeat et tellus tantis irradiata fulgoribus:
et, aeterni Regis splendore illustrata,
totius orbis se sentiat amisisse caliginem.

Laetetur et mater Ecclesia,
tanti luminis adornata fulgoribus:
et magnis populorum vocibus haec aula resultet.

Quapropter astantes vos, fratres carissimi,
ad tam miram huius sancti luminis claritatem,
una mecum, quaeso,
Dei omnipotentis misericordiam invocate.
Ut, qui me non meis meritis
intra Levitarum numerum dignatus est aggregare,
luminis sui claritatem infundens,
cerei huius laudem implere perficiat.

V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.
V. Sursum corda.
R. Habemus ad Dominum.
V. Gratias agamus Domino Deo nostro.
R. Dignum et iustum est.

Vere dignum et iustum est,
invisibilem Deum Patrem omnipotentem
Filiumque eius unigenitum,
Dominum nostrum Iesum Christum,
toto cordis ac mentis affectu et vocis ministerio personare.

Qui pro nobis aeterno Patri Adae debitum solvit,
et veteris piaculi cautionem pio cruore detersit.

Haec sunt enim festa paschalia,
in quibus verus ille Agnus occiditur,
cuius sanguine postes fidelium consecrantur.

Haec nox est,
in qua primum patres nostros, filios Israel
eductos de Aegypto,
Mare Rubrum sicco vestigio transire fecisti.

Haec igitur nox est,
quae peccatorum tenebras columnae illuminatione purgavit.

Haec nox est,
quae hodie per universum mundum in Christo credentes,
a vitiis saeculi et caligine peccatorum segregatos,
reddit gratiae, sociat sanctitati.

Haec nox est,
in qua, destructis vinculis mortis,
Christus ab inferis victor ascendit.

Nihil enim nobis nasci profuit,
nisi redimi profuisset.
O mira circa nos tuae pietatis dignatio!
O inaestimabilis dilectio caritatis:
ut servum redimeres, Filium tradidisti!

O certe necessarium Adae peccatum,
quod Christi morte deletum est!
O felix culpa,
quae talem ac tantum meruit habere Redemptorem!

O vere beata nox,
quae sola meruit scire tempus et horam,
in qua Christus ab inferis resurrexit!

Haec nox est, de qua scriptum est:
Et nox sicut dies illuminabitur:
et nox illuminatio mea in deliciis meis.

Huius igitur sanctificatio noctis fugat scelera, culpas lavat:
et reddit innocentiam lapsis
et maestis laetitiam.
Fugat odia, concordiam parat
et curvat imperia.

In huius igitur noctis gratia, suscipe, sancte Pater,
laudis huius sacrificium vespertinum,
quod tibi in hac cerei oblatione sollemni,
per ministrorum manus
de operibus apum, sacrosancta reddit Ecclesia.

Sed iam columnae huius praeconia novimus,
quam in honorem Dei rutilans ignis accendit.
Qui, licet sit divisus in partes,
mutuati tamen luminis detrimenta non novit.

Alitur enim liquantibus ceris,
quas in substantiam pretiosae huius lampadis
apis mater eduxit.

O vere beata nox,
in qua terrenis caelestia, humanis divina iunguntur!

Oramus ergo te, Domine,
ut cereus iste in honorem tui nominis consecratus,
ad noctis huius caliginem destruendam,
indeficiens perseveret.
Et in odorem suavitatis acceptus,
supernis luminaribus misceatur.

Flammas eius lucifer matutinus inveniat
Ille, inquam, lucifer, qui nescit occasum
Christus Filius tuus,
qui, regressus ab inferis,
humano generi serenus illuxit,
et vivit et regnat in saecula saeculorum.
Amen.


Exulte de alegria a multidão dos Anjos,
exultem as assembleias celestes,
ressoem hinos de glória,
para anunciar o triunfo de tão grande Rei.

Rejubile também a terra,
inundada por tão grande claridade,
porque a luz de Cristo, o Rei eterno,
dissipa as trevas de todo o mundo.

Alegre-se a Igreja, nossa mãe,
adornada com os fulgores de tão grande luz,
e ressoem neste templo as aclamações do povo de Deus.

E vós, irmãos caríssimos,
aqui reunidos para celebrar o esplendor admirável desta luz,
invocai comigo a misericórdia de Deus omnipotente,
para que, tendo-Se Ele dignado, sem mérito algum da minha parte,
admitir-me no número dos seus ministros,
infunda em mim a claridade da sua luz,
para que possa celebrar dignamente os louvores deste círio.

V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Demos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.

É verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
proclamar com todo o fervor da alma e toda a nossa voz
os louvores de Deus invisível, Pai omnipotente,
e do seu Filho Unigénito, Jesus Cristo, nosso Senhor.

Ele pagou por nós ao eterno Pai
a dívida por Adão contraída
e com seu Sangue precioso
apagou a condenação do antigo pecado.

Celebramos hoje as festas da Páscoa,
em que é imolado o verdadeiro Cordeiro,
cujo Sangue consagra as portas dos fiéis.

Esta é a noite,
em que libertastes do cativeiro do Egipto
os filhos de Israel, nossos pais,
e os fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho.

Esta é a noite,
em que a coluna de fogo dissipou as trevas do pecado.

Esta é a noite,
que liberta das trevas do pecado e da corrupção do mundo
aqueles que hoje por toda a terra crêem em Cristo,
noite que os restitui à graça
e os reúne na comunhão dos Santos.

Esta é a noite,
em que Cristo, quebrando as cadeias da morte,
Se levanta glorioso do túmulo.

De nada nos serviria ter nascido,
se não tivéssemos sido resgatados.
Oh admirável condescendência da vossa graça!
Oh incomparável predilecção do vosso amor!
Para resgatar o escravo entregastes o Filho.

Oh necessário pecado de Adão,
que foi destruído pela morte de Cristo!
Oh ditosa culpa,
que nos mereceu tão grande Redentor!

Oh noite bendita,
única a ter conhecimento do tempo e da hora
em que Cristo ressuscitou do sepulcro!

Esta é a noite, da qual está escrito:
A noite brilha como o dia
e a escuridão é clara como a luz.

Esta noite santa afugenta os crimes, lava as culpas;
restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes;
derruba os poderosos, dissipa os ódios,
estabelece a concórdia e a paz.

Nesta noite de graça,
aceitai, Pai santo, este sacrifício vespertino de louvor,
que, na solene oblação deste círio,
pelas mãos dos seus ministros Vós apresenta a santa Igreja.

Agora conhecemos o sinal glorioso desta coluna de cera,
que uma chama de fogo acende em honra de Deus:
esta chama que, ao repartir o seu esplendor,
não diminui a sua luz;
esta chama que se alimenta de cera,
produzida pelo trabalho das abelhas,
para formar este precioso luzeiro.

Oh noite ditosa,
em que o céu se une à terra,
em que o homem se encontra com Deus!

Nós Vos pedimos, Senhor,
que este círio, consagrado ao vosso nome,
arda incessantemente para dissipar as trevas da noite;
e, subindo para Vós como suave perfume,
junte a sua claridade à das estrelas do céu.

Que ele brilhe ainda quando se levantar o astro da manhã,
aquele astro que não tem ocaso,
Jesus Cristo vosso Filho,
que, ressuscitando de entre os mortos,
iluminou o género humano com a sua luz e a sua paz
e vive glorioso pelos séculos dos séculos.
Amen.

Fonte: Pe. Paulo Ricardo

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Passio Domini



Sexta-feira Santa - Passio Domini - Improperium





Lamentações do Senhor

Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi. Quia eduxi te de terra Aegypti: parasti Crucem Salvatori tuo.

Agios o Theos.
Sanctus Deus.
Agios ischyros.
Sanctus fortis.
Agios athanatos eleison imas.
Sanctus immortalis, miserere nobis.


Quia eduxi te per desertum quadraginta annis: et manna cibavi te, et introduxi te in terram satis bonam: parasti crucem Salvatori tuo.

Quid ultra debui facere tibi, et non feci? Ego quidem plantavi te vineam meam speciosissimam: et tu facta es mihi nimis amara; aceto namque sitim meam potasti, et lancea perforasti latus Salvatori tuo.

Ego propter te flagellavi Aegyptum cum primogenitis suis; et tu me flagellatum tradidisti. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego eduxi te de Aegypto, demerso Pharaone in mare rubrum; et tu me tradidìsti principibus Sacerdotum. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego ante te aperui mare, et tu aperuisti lancea latus meum. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego ante te praeivi in columna nubis: et tu me duxisti ad praetorium Pilati. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego te pavi manna per desertum; et tu me caecidisti alapis, et flagellis. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego te potavi aqua salutis de petra; et tu me potasti felle, et aceto. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego propter te Chananaeorum Reges percussi: et tu percussisti arundine caput meum. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego dedi tibi sceptrum regale; et tu dedisti capiti med spineam coronam. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.

Ego te exaltavi magna virtute; et tu me suspendisti in patibulo Crucis. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.
1. Povo meu, que te fiz eu?
Dize em que te contristei!
Que mais podia ter feito,
em que foi que eu te faltei?

Deus santo,
Deus forte,
Deus imortal,
Tende piedade de nós!


2. Eu te fiz sair do Egito,
Com maná te alimentei.
Preparei-te bela terra:
Tu, a cruz para o teu Rei!

3. Bela vinha eu te plantara,
Tu plantaste a lança em mim;
Aguas doces eu te dava,
Foste amargo até o fim!

4. Flagelei por ti o Egito,
Primogênitos matei;
Tu, porém, me flagelaste,
Entregaste o próprio Rei!

5. Eu te fiz sair do Egito,
afoguei o Faraó;
aos teus sumos sacerdotes
entregaste-me sem dó!

6. Eu te abri o mar Vermelho,
tu me abriste o coração;
a Pilatos me levaste,
eu levei-te pela mão.

7. Pus maná no teu deserto
teu ódio me flagelou;
fiz da pedra correr água,
o teu fel me saturou!

8. Cananeus por ti batera,
bateu-me uma cana à toa;
dei-te cetro e realeza,
tu, de espinhos a coroa!

9. Só na cruz tu me exaltaste,
quando em tudo te exaltei;
por que à morte me entregaste?
Em que foi que eu te faltei?

Fonte: Pe. Paulo Ricardo
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