terça-feira, 18 de agosto de 2015

Novas construções já atrapalham vista da tradicional basílica da Penha, em SP


Zanone Fraissat/Folhapress
Prédios começam a 'esconder' visão do santuário na Penha
Prédios começam a 'esconder' visão do santuário na Penha
POR ARTUR RODRIGUES
DE SÃO PAULO

A vista da Basílica Nossa Senhora da Penha, no alto de uma colina, já não é mais onipresente nos arredores do bairro histórico da zona leste da cidade de São Paulo.

A verticalização da Penha levou a tradicional igreja a enfrentar concorrência como ponto de referência da região.

O monsenhor Carlos de Souza Calazans, 80, há mais de 40 anos atuando na basílica, conta que a disputa no horizonte do bairro começou há cerca de cinco anos, quando um prédio de escritórios de 17 andares foi levantado a um quarteirão do templo.

"Estamos vivendo a era do econômico, não do tradicional", afirma Calazans.

Na década de 1960, quando a basílica foi construída, a atmosfera era de cidade do interior, sem prédios. O templo passou a integrar o centro histórico do bairro, que já possuía a Igreja Nossa Senhora da Penha de França, cujo ano de registro é de 1682, entre outros monumentos.

Zanone Fraissat/Folhapress


Com o boom imobiliário da capital, a paisagem começou a mudar. Edifícios passaram a pipocar na região. Recentemente, um conjunto de vários prédios construído na rua Cirino de Abreu passou a ofuscar a visão da basílica até do alto do viaduto Engenheiro Alberto Badra.

SAUDOSISMO

Moradores do bairro se lembram com saudosismo de quando era possível ver o centro histórico da Penha a partir do bairro da Mooca.

"Para explicar o caminho do aeroporto de Cumbica, costumávamos dizer que a pessoa iria passar pelo Corinthians e iria ver a colina da Penha, com a igreja", afirma Francisco Folco, 62, que é curador do Memorial da Penha. "Hoje essa referência não existe mais", diz.

Ele reclama do fato de a legislação da cidade de São Paulo não ser eficaz na proteção à visibilidade de determinados monumentos, como acontece em outros locais.

Apesar da construção dos prédios, o bairro ainda mantém uma atmosfera tradicional, com muitos moradores que se conhecem e só andam a pé pelo bairro. "Nosso Facebook é o largo do Rosário", afirma Francisco Folco.

Zanone Fraissat/Folhapress

Monsenhor Carlos Calazans atua há mais de 40 anos na basílica


DIVIDIDOS

Na praça, a verticalização é sempre tema polêmico. Alguns moradores associam os prédios ao progresso, mas muitos acham que precisa haver melhor controle nessa expansão.

"Não concordo que a melhoria tem que sempre ser na vertical. Pode também ser melhor em infraestrutura ou conservação do patrimônio", afirma o psicólogo José Morelli, 73, nascido no bairro.

De acordo com a prefeitura, o centro histórico da Penha é uma Zepec (Zona Especial de Preservação Cultural). Além disso, o local também está protegido por processo de tombamento que corre desde 2004.

Qualquer mudança nesse perímetro precisa passar por uma avaliação do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico). No entanto, fora dessa área, não existe essa necessidade, o que explica a existência dos diversos prédios.

Colaborou ZANONE FRAISSAT


Fonte: Folha de S. Paulo


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