segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Igrejas de Arquitetura Gótica

Texto de Paulo Elísio


I - A Arquitetura Gótica

Arquitetura gótica é um estilo arquitetónico caracterizado como a evolução da arquitetura românica e precedente à arquitetura renascentista. Foi desenvolvida no norte da França durante a Alta Idade Média (900–1300) entre os anos 1050 e 1100, originalmente se chamava "Obra Francesa" (Opus Francigenum).

O termo 'gótico' só apareceu na época do Renascimento como um insulto estilístico, já que para os Renascentistas a arte gótica é bárbara, sendo tipicamente Medieval. A palavra gótico é em referencia aos godos, povo bárbaro-germano.

Com o gótico, a arquitetura ocidental atingiu um dos pontos culminantes da arquitetura pura, ou seja, sem influencia externa que não seja a própria matriz romana ancestral. As abóbadas cada vez mais elevadas e maiores, não se apoiavam em muros e paredes compactas e sim sobre pilastras ou feixes de colunas.

Uma série de suportes que eram constituídos por arcobotantes e contrafortes possuíam a função de equilibrar de modo externo o peso excessivo das abóbadas. Desta forma, imensas paredes espessas foram excluídas dos edifícios de género gótico e foram substituídas por vitrais e rosáceas que iluminavam o ambiente interno.


II - Elementos da Arquitetura Gótica

a) Fachada



foto de TTStudio

As igrejas românicas apresentavam unicamente um portal de entrada, As igrejas góticas apresentam três portais, um central e dois laterais. Geralmente em cima do portal central tem uma rosácea. Os portais laterais normalmentes são continuados por duas torres simétricas.

Na foto mostramos a Igreja de São Vito em Praga em foto de TTstudio.

b) Planta

A planta de uma catedral com arquitetura gótica tem sempre uma aparência de uma cruz latina (crucifixo), onde situa-se a nave, os transeptos e o coro; na parte inferior da "cruz" fica localizada a nave central circundada por naves laterais; na faixa horizontal havia os transeptos e o cruzeiro;

b) Arcos de Ogiva

Os arcos de meia circunferência que haviam sido usados em igrejas e catedrais de arquitetura românica faziam com que todo o peso da construção fosse descarregado sobre as paredes, obrigando um apoio lateral resistente como pilares maciços, paredes mais espessas, poucas aberturas para fora tornando, consequentemente, o interior das estruturas eclesiásticas mais escuras e cada vez menos agradável.

Este arco foi substituído pelos arcos ogivais (também chamados de arcos cruzados e arcos quebrados). Isso dividiu o peso da abóbada central, consequentemente, descarregando-a sobre vários pontos.

c) Abóbadas ogivais ou abóbada de nervuras


Abadia de Beverley, Inglaterra,
foto de Matana, Wikimedia

Como o estilo arquitetônico gótico seguia as doutrinas religiosas da época, era necessário que as catedrais fossem exuberantemente altas, grande luminosidade e uma plena continuidade entre o início de seus pilares e o cume de suas abóbadas. Durante o auge da arquitetura gótica uma das principais características deste estilo arquitetônico foram as abóbadas ogivais, ou seja, com formato pontiagudo.

d) Pilares

Dispostos em espaços regulares, os pilares dispensam as grossas paredes romanicas que sustentavam a estrutura.

Arcos botantes e contrafortes

O contraforte fica posicionado em um ângulo reto em relação à estrutura gótica contra a parede lateral e eleva-se a uma altitude considerada alta, em um enorme grau de perfeição. O peso do contraforte neutraliza a pressão causada pelas abóbadas. O arcobotante possui uma caixilharia diagonal de pedra, escorado ao lado pelo contraforte posicionado próximo à parede e por outro lado pela claraboia da nave. Deste modo, o arcobotante dirige o peso lateral das abóbadas e associado aos contrafortes possui uma força enorme. Graças à estes dois suportes, foi possível construir catedrais, basílicas, igrejas e capelas exuberantemente altas, com muitos vitrais e rosáceas

Iluminação



Vitral Notre Dame, Paris

Considerada uma arquitetura 'de paredes transparentes, luminosas e coloridas', a arquitetura gótica considera o vitral um importante elemento, pois cria uma atmosfera mística que deveria sugerir, na visão do povo medieval, as visões do Paraíso, a sensação de purificação. Os raios solares são filtrados pelos vitrais e rosáceas, criando no interior da estrutura gótica, um ambiente iluminado e colorido e também, transmitindo aos fiéis religiosos uma sensação de êxtase. Os vitrais apresentavam simples formas geométricas ou mesmo imagens de santos ou passagens bíblicas. Para obter-se um vitral na época, era necessário que um artesão realizasse um processo de coloração da peça de vidro. Durante este processo, o vidro cru era misturado a outros componentes químicos que determinavam a respectiva tonalidade, durante a fase de derretimento. Este processo mantinha o vidro com um tom de cor sem que bloqueasse os raios solares. Após este procedimento o vidro era aquecido e moldado

Verticalismo

Outra característica importante das estruturas eclesiásticas góticas é o verticalismo, ou seja, sua elevada altitude. No interior e exterior das construções góticas, os elementos arquitetônicos apontam para o céu. Um exemplo conhecido são os arcos ogivais, que são pontiagudos e possuem a impressão de uma seta apontada para cima.

Esculturas

Além das gárgulas e esculturas grotescas, existem outras esculturas religiosas presentes na arquitetura gótica. Através destas, eram expressadas a fé e religiosidade que o povo europeu sentia. Os caracteres esculturais seguem o fundamento gótico do verticalismo e são, majoritariamente, encontrados em portais e colunas. As esculturas, muitas vezes, representam personagens bíblicos como a Virgem Maria e alguns santos.


Escultura em pórtico da catedral de Notre Dame, Paris, foto de HistoriacomGosto


III - Exemplos de Igrejas de Arquitetura Gótica

a) Saint Dennis - Paris

Fundada no século VII por Dagoberto I onde São Dinis, um santo padroeiro da França, foi sepultado, a igreja se tornou um local de peregrinação e o mausoléu dos reis franceses. A maioria dos reis franceses do século X ao XVIII foi sepultado lá.

No século XII o Abade Suger reconstruiu partes da abadia usando inovadas características estruturais e decorativas. Ao fazer isso, ele criou o primeiro edifício verdadeiramente gótico. A nave do século XIII da basílica também é o protótipo do estilo gótico radiante, e forneceu um modelo de arquitetura para catedrais e mosteiros do norte da França, Inglaterra e outros países.

A Basílica de Saint Denis é um marco arquitetônico. Tanto estrutural quanto estilisticamente ela introduziu a mudança da Arquitetura românica para a Arquitetura gótica. Na época não se usava o termo "gótico", esse estilo de construção ficou conhecido como "Estilo Francês" (Opus Francigenum).

a) Fachada e Nave




St. Denis, foto de Beckstet em wikimedia


Interior da Basílica de Saint Denis, foto photogolfer em Shutterstock.com

b) Vitrais e abóbadas


Interior da Basílica de Saint Denis, foto de photogolfer em Shutterstock.com


b) Notre Dame de Paris

A Catedral de Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Iniciada sua construção no ano de 1163, é dedicada a Maria, Mãe de Jesus Cristo , situa-se na praça Paris, na pequena ilha "Île de la Cité" em Paris, França, rodeada pelas águas do Rio Sena.

A catedral surge intimamente ligada à ideia de gótico no seu esplendor, ao efeito claro das necessidades e aspirações da alta sociedade, a uma nova abordagem da catedral como edifício de contacto e ascensão espiritual.

Esquema de construção de Notre Dame



Visão em 3D da Catedral de Notre Dame, Paris, foto de aurielaki


Fachada e Vista Lateral


Notre Dame, foto HistoriacomGosto


Vista lateral da Catedral de Notre Dame, foto de Anna Kucherova


A arquitetura gótica substituiu as paredes grossas das igrejas românicas por colunas altas e arcos capazes de sustentar o peso dos telhados. Como consequência, os edifícios góticos ganharam um aspecto mais leve, e as janelas, mais amplas e altas, foram decoradas com belos vitrais coloridos que filtravam a luz natural, e com isso, criavam um "clima" de misticismo em seu interior.

Nave central


Interior da Catedral de Notre Dame, foto de HistoriacomGosto


c) Catedral de Colonia - Alemanha

A Catedral de Colônia, localizada na cidade alemã de Colônia, é uma igreja de estilo gótico, o marco principal da cidade e seu símbolo não-oficial.

É a terceira igreja mais alta do mundo e é considerada patrimônio da humanidade. O símbolo da cidade atrai seis milhões de turistas por ano, sendo o local turístico mais visitado da Alemanha. Em 1164, foram trazidas de Milão as supostas ossadas dos Três Reis Magos. Elas estão atrás do altar, numa arca de ouro e prata, ornamentada com pedras preciosas.


Catedral de Colonia, foto de Mikhail Markovskiy em fotolia.com


Visão lateral da Catedral de Colonia, foto de kranendonk / Shutterstock


A construção da igreja gótica começou no século XIII (1248) e levou, com as interrupções, mais de 600 anos para ser completada. As duas torres possuem 157 metros de altura, com a catedral possuindo comprimento de 144 metros e largura de 86 metros. Quando foi concluída em 1880, era o prédio mais alto do mundo. A catedral é dedicada a São Pedro e a Nossa Senhora


Interior da Catedral de Colonia, foto de Yury Dmitrienko / Shutterstock, Inc.

Na Segunda Guerra Mundial, a catedral acabou recebendo 14 ataques por parte de bombas aéreas e não caiu; a reconstrução foi completada em 1956.

d) Catedral de Santo Estevão - Viena

A Catedral de Santo Estêvão é uma das mais antigas catedrais do estilo gótico europeu, está situada na Stephansplatz, no centro da cidade Viena, Áustria.

Trata-se de uma obra mundialmente conhecida e um exemplo da arquitetura do século XII. A também denominada "Steffl" é uma das mais importantes catedrais góticas do mundo.

Foi renovada no estilo gótico entre 1304 e 1433. Sua torre norte, elevada à altura de 70 metros, foi renovada de acordo com a estética renascentista em 1579 e seu interior adquiriu uma tendência barroca.


Catedral de Santo Estevão, foto de dbrnjhrj
em fotolia.com


Torre, foto de HistoriacomGosto


Interior, foto HistoriacomGosto


Interior da Catedral

A parte construtiva da Catedral como os pilares, abóbada, torres, tudo permanece no estilo gótico no qual foi renovado entre e 1304 e 1433. Entretanto, a decoração, os altares laterais, as esculturas já estão mais adaptadas ao estilo barroco.


Nave principal da Catedral de Santo Estevão em Viena, foto de HistoriacomGosto

e) Catedral de Milão

A Catedral de Milão (em italiano: Duomo di Milano) situa-se na praça central da cidade de Milão, na Lombardia, no norte da Itália. É a sede da Arquidiocese de Milão e uma das mais célebres e complexas edificações em estilo gótico da Europa.


Visão frontal da Catedral de Milão, foto de Marco Saracco em fotolia.com


interior da Catedral em foto de Luca Santilli

A catedral é imensa, com 157 m de comprimento e 109 m de largura. O interior tem cinco naves com uma altura que chega aos 45 metros, divididas por 40 pilares. Possui um transepto com três naves. O estilo predominante da catedral é o gótico flamejante, relativamente pouco comum na Itália.

A construção do edifício começou em 1386 sob a iniciativa do arcebispo Antonio da Saluzzo, em um estilo gótico tardio de influência francesa e centro-europeia, distinto ao estilo corrente na Itália de então. Os trabalhos foram apoiados pelo senhor da cidade, o duque Gian Galeazzo Visconti, que impulsionou a obra através de facilidades fiscais e promoveu o uso do mármore de Candoglia como material de construção. A obra avançou rápido, e em 1418 o altar-mor da catedral foi consagrado pelo Papa Martinho V. Já em meados do século XV a parte leste (abside) da igreja estava completa. A partir desta data, porém, as obras prosseguiram lentamente até fins do século XV.


Interior da Catedral de Milão, foto de Stocksnapper / Shutterstock, Inc


IV - Referências
Wikipedia: Arquitetura Gótica / Catedral de Saint Denis / Catedral de Notre Dame / Catedral de Colonia /

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