sexta-feira, 2 de março de 2018

Memória: a arte sacra de Michelangelo Zambelli

Michelangelo adquiriu as primeiras lições com o pai Tarquínio Zambelli



Foto: Raul Ben / Agencia RBS
Bruna Valtrick e Roni Rigon

A imigração italiana trouxe ao Rio Grande do Sul a contribuição de uma cultura consistente na área do conhecimento e empreendedorismo. O advogado Luiz Compagnoni, fundador do jornal Pioneiro, num artigo sobre o êxito no processo industrial, em 1950, constatou que muitos imigrantes vieram da região norte da Itália, rica no conhecimento científico e na cultura industrial. Com este ânimo, os pioneiros transformaram o inóspito Campo dos Bugres numa promissora cidade.

Entre os protagonistas do desenvolvimento, consta a presença da família Zambelli. O livro A Arte nos primórdios de Caxias do Sul, escrito por Irma Buffon Zambelli, em 1986, registra parte da vida do escultor Michelangelo Zambelli, inserido no contexto do precursor e sogro Pietro Stangherlin.

Michelangelo (26/08/1882-10/04/1940) adquiriu as primeiras lições com o pai Tarquínio Zambelli, renomado escultor que possuiu formação na escola de Belas Artes de Milão (Itália). A família Zambelli, vivendo no Brasil desde 1883, não descuidou dos estudos e aprimoramentos na arte. Michelangelo, com apenas 16 anos, retornou a Milão para estudar na Academia de Belas Artes de Brera. De volta a Caxias do Sul, após cinco anos, Michelangelo consolidou o trabalho e inaugurou o Atelier Zambelli, em 1915.

Na edição de 12 de fevereiro de 1992, a reportagem do Pioneiro visitou o ambiente onde eram produzidas as famosas esculturas de santos.

A delicadeza da escultora Valesca Reis

Com a morte de Michelangelo, a mulher Adelina Stangherlini assumiu a administração do atelier, juntamente com Nilo Tomasi. A influência da Igreja Católica e a tradição pelo culto e decoração sacra manteve a produção até 2004. Nesta história, evidencia-se a escultora Valesca Reis. Nascida em Venâncio Aires, Valesca contou à reportagem que trabalhou com Michelangelo apenas um ano. Mas no breve tempo, aprendeu muitos segredos, mantendo a fidelidade da arte, acentuou.

Obras buriladas como amor e intensa dedicação


Foto: Raul Ben / Agencia RBS

As boas lições aprendidas com Michelangelo foram perpetuadas pelas mãos laboriosas de Valesca. Cada imagem era burilada com esmero e intensa dedicação após a fundição. Os traços leves e uma estética elegante da figura dos santos ficou reconhecida no país inteiro.

Hoje, parte das matrizes e exemplares da arte sacra do artista integram o acervo do Memorial Zambelli, em Caxias.

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