quarta-feira, 14 de março de 2018

MUSEU DE ARTE SACRA GUARDA MAIS DE 500 PEÇAS SOBRE O CATOLICISMO SERGIPANO

O Museu tem promovido ações culturais e educativas a fim de atrair mais públicos

Foto: Danielle Pereira

Cânticos gregorianos recepcionam visitantes que entram no Museu de Arte Sacra de São Cristóvão, localizado na histórica Praça São Francisco, patrimônio da humanidade. O local dispõe de mais de 500 peças catalogadas e funciona de terça a sábado, das 10h às 16h, e aos domingos das 9h às 13h.

Abrigado numa ala da antiga Ordem Terceira de São Francisco, ao lado do convento que leva o mesmo nome, o Museu é um dos mais importantes de Brasil nesse tipo de acervo e guarda obras do século XVII ao XX. Nos dois pisos do prédio, visitantes podem contemplar altares em madeira e ouro, imagens articuladas, móveis, artefatos antigos e a capela do convento, aberta somente em datas religiosas específicas.

De acordo com a museóloga e diretora técnica do espaço, Sayonara Viana, as obras sacras recontam o catolicismo em Sergipe. “Nosso acervo é uma reunião de toda a cultura religiosa do estado, da cultura material católica. Ele traz as devoções de cada região, são imagens que, se não estivessem no museu, já teriam se perdido. A partir de uma imagem, você traz toda uma história não só da imagem, mas do local onde ela estava, das tradições. Por exemplo, a imagem de Santo Amaro da Caieira pertencia a uma capela de Santo Amaro que está desativada. A presença dessa imagem aqui traz toda a história da procissão da caieira. Uma imagem vai além de um bem material, ela é tradição e identidade e a gente procura destacar isso através dos projetos educativos que o museu realiza”, informou.
Foto: Danielle Pereira

A museóloga explica que as visitas são guiadas por historiadores e estudantes de História, os quais explicam origem das peças e apresentam o fundador do museu, Dom Luciano, que tem uma sala com seus objetos pessoais e religiosos. “O acervo é constituído de peças sacras entre mobiliário, ourivesaria e imagens sacras oriundas de doações particulares e de capelas que não existem mais ou que não ofereciam seguranças para as peças. Recentemente, fomos consultados e uma pessoa vai deixar 23 imagens para o museu. Na maioria das vezes, as obras precisam de restauração”, disse, explicando que é a Fundação Museu de Arte Sacra de Sergipe a responsável pela triagem das peças.
Atualmente, o local é mantido por meio de convênios com a Prefeitura de São Cristóvão e o Governo do Estado. O Governo Federal auxilia através de editais de cultura e de restauro.

MOVIMENTAÇÃO

O Museu tem promovido ações culturais e educativas a fim de atrair mais públicos. Uma dessas ações é a sala de exposições, a qual recebe, durante todo o ano, mostras de artistas e fotógrafos. Até o fim deste mês, a exposição em cartaz é sobre a Romaria de Senhor dos Passos, da fotógrafa Danielle Pereira.Foto: Danielle Pereira

Mozart Daltro Bispo é fotógrafo sergipano e realizou sua primeira exposição no Museu de Arte Sacra. Para ele, o espaço é ideal para exaltar a cultura sergipana. “Minha primeira exposição foi aqui. Fiz uma mostra fotográfica sobre a praça São Francisco. Foram três meses de pesquisa e de trabalho para reunir material para a exposição. Expor no Museu de Arte Sacra é promover arte num espaço de arte. É muito importante e significativo o museu abrir portas para fotógrafos e artistas iniciantes e experientes”, declarou.

De acordo com a diretora do Museu, Sayonara Viana, outra ação que tem atraído público é o ‘Concerto Didático’, executado em parceira com o grupo musical Renantique, e as visitas didáticas, realizadas em parceria com a Secretaria Municipal de Educação.Foto: Danielle Pereira

“Nós últimos três messes, a visitação aumentou 50% em decorrência desse período de férias. Outra coisa que movimenta a instituição é quando há exposições temporárias e estamos fazendo um trabalho de valorização do artista de São Cristóvão, priorizando os artistas locais de artesanato, fotografia, pintura etc. Também temos o trabalho com as escolas do município, porque 80% das escolas do município não conheciam o museu. Formou-se uma ideia de que o museu é de turista. Não, o museu é do povo. Trabalhamos com alguns professores das escolas públicas, que trazem os alunos. Fizemos também os concertos didáticos, com o grupo Renantique e os alunos da rede municipal. Os músicos apresentam os instrumentos, as músicas. O que eu me senti gratificada foi que um dos alunos, depois do concerto, procurou um dos professores e agora está estudando no Conservatório de Música. Essa é a função do museu: implantar nas cidades a ideia de cultura e preservação”.

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